Esses dias recebi visita na minha morada, tinha ar desconhecido e jeito de desde sempre.
Chegou junto com a ventania, em forma de furacão.
Foi uma mistura de emoções sacudidas, sentimentos derretidos e dores de longínquos tempos reveladas.
Por opção? Não. Pela força do vento, que fez emergir tudo e colocou em cima da mesa da janta, num farto banquete para comer de garfo e faca.
Veio colocando lanterna de luz nos medos, ascendo consciência nas fraquezas e fragilidades, revelando toda vulnerabilidade.
Por momentos pensei que não iria dar conta.
Fui percebendo a desconstrução dos meus condicionamentos e crenças se desmoronando na minha frente.
Minhas estruturas internas trepidando em meio ao furão do agente da transformação guiado pelo vento da evolução.
Deixei o garfo e a faca de lado e fui bem sincera, já que é para saborear, vocês me dão licença que eu vou comer é com a mão.
Se vou conviver comigo até o fim, melhor é fazer as pazes e me reconciliar o quanto antes.
Vamos logo ficar frente a frente e resolver de uma vez todas essa confusão interna. Colocar as coisas nos seus devidos lugares, limpar, desinfetar, depurar aquilo que precisa ser liberado, e ampliar os espaços para aquilo que pede para ser reabitado.
Como dizem os sábios por aí, cada fim venta um começo e cada morte traz uma vida nova.
Com isso surge a revelação, com dor de despedida, jeito de partida, e sensação de fim que chegou.
Então é preciso MORRER, para me tornar aquilo que SOU?
Qual é parte que morre?
Qual é a verdade do EU SOU que se Revela?
A parte que morre, chora e se desespera.
A parte que se revela, tem a consciência que as coisas são apenas o que são.
A vida segue;
No momento a lua ainda mingua.
O que é, simplesmente é o que é.
O importante é seguir o fluxo, sem se apegar ao que ficou para trás.
A evolução simplesmente acontece.
Aceita o que o universo te traz e te tira,
Pois nada é teu de verdade.
Apenas viva e siga o fluxo, que é para frente que a vida acontece.
Larissa Helena
19 de fevereiro 2017